19 de abr. de 2013

Hino Nacional Brasileiro


 O Hino Nacional Brasileiro, símbolo de exaltação à pátria, é uma canção bastante complexa. Além de possuir palavras pouco usuais, sua letra é rica em metáforas. O texto segue o estilo parnasiano, o que justifica  a presença de linguagem rebuscada e de inversões sintáticas, que dificultam a compreensão da mensagem. Assim, a priorização da beleza da forma na elaboração do hino fez com que a clareza ficasse comprometida. 

   Você, que já sabe cantar o hino nacional, conhece-o pela melodia e musicalidade ou pelo sentido que a mensagem representa? A maioria das pessoas, apesar de ter domínio da letra, desconhece seu significado. Veja a seguir o hino nacional. Observe as palavras em destaque e suas definições em parênteses. É provável que você se surpreenda com as informações que sempre proclamou, sem, de fato, estar ciente disso.



Parte I

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas (calmas, tranquilas, serenas)
De um povo heroico o brado (grito, clamor) retumbante (que ressoa, ecoante)
E o sol da liberdade (independência), em raios fúlgidos (brilhantes, luminosos),
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor (direito) dessa igualdade 
Conseguimos conquistar com braço forte (com nossa firmeza), 
Em teu seio (interior, âmago), ó liberdade, 
Desafia o nosso peito (coração) a própria morte!

Ó Pátria amada, 
Idolatrada (adorada, venerada, amada), 
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido (brilhante, resplandecente)
De amor e de esperança à terra desce, 
Se em teu formoso (belo) céu, risonho (repleto de promessas) e límpido (claro), 
A imagem do Cruzeiro (constelação Cruzeiro do Sul) resplandece (brilha).

Gigante pela própria natureza (desde que nasceste), 
És belo, és forte, impávido (destemido) colosso (gigante) 
E o teu futuro espelha (reflete, mostra) essa grandeza.

Terra adorada, 
Entre outras mil, 
És tu, Brasil, 
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil (generosa),
Pátria amada, 
Brasil!


Parte II
Deitado eternamente em berço esplêndido (admirável, grandioso), 
Ao som do mar e à luz do céu profundo, 
Fulguras (cintilas, brilhas), ó Brasil, florão (ornato, enfeite) da América, 
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida (vistosa),
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida", 
"Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada, 
Idolatrada, 
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo 
O lábaro (bandeira) que ostentas (exibes) estrelado, 
E diga o verde-louro (amarelo) dessa flâmula (bandeira)
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a clava (arma) forte, 
Verás que um filho teu não foge à luta, 
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra, adorada, 
Entre outras mil, 
És tu, Brasil, 
Ó Pátria amada

Dos filhos deste solo és mãe gentil, 
Pátria amada, 
Brasil!


Letra: Joaquim Osório Duque Estrada / Música: Francisco Manuel da Silva 


Saiba mais:

Sobre os autores

Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em Pati do Alferes (RJ) em 1870 e faleceu em 1927, no Rio de Janeiro. Além de atuar como professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Normal, foi poeta e crítico literário. 
Francisco Manuel da Silva nasceu em 1795 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1865. Dedicou-se à música desde a infância, fundando a Sociedade Beneficente Musical e o Conservatório de Música do Rio de Janeiro.                                 

Estilo do texto

Trata-se de um texto parnasiano, que privilegia a forma mesmo com sacrifício da clareza da mensagem, gerando dificuldades de compreensão. Para isso, colaboram o preciosismo vocabular e as frequentes inversões da ordem do discurso, tão ao gosto dos acadêmicos do final do século XIX, mas distantes do universo das gerações atuais.

Parnasianismo e Romantismo

Sabe-se que a forma do poema é rigorosamente parnasiana, porém o seu conteúdo é romântico, inserindo-se nas propostas dessa escola literária no que se refere à exaltação ufanista. 

Canção do Exílio

Na segunda parte do hino, os trechos que estão entre aspas foram extraídos do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

300 anos sem hino

Desde o descobrimento, o Brasil demorou mais de 300 anos para ter um hino. Em 1831, Francisco Manuel da Silva compôs a melodia. A letra veio 91 anos mais tarde. Após várias opções não terem sido aprovadas pelos portugueses, em 1922, o presidente Epitácio Pessoa declarou o texto de Osório Duque Estrada como letra oficial do hino nacional brasileiro.

50 versos

A  letra do hino nacional possui ao todo 50 versos, distribuídos em duas partes rigorosamente simétricas, tanto na métrica como no ritmo.



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