Aconteceu no auditório da UNIME nos dias 16 e 17 de julho de 2013 a III Conferência Municipal de promoção da Igualdade Racial em Lauro de Freitas/BA.
Segundo a Diretoria da Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Ação Social, Igualdade Racial e Cidadania (SEMASCI), 78% da população lauro-freitense é negra. O racismo, embora seja dito de forma latente que já não mais existe em nosso país, nós podemos ver que ele está muito presente, de forma mascarada, através da exclusão aos menos favorecidos, em sua notória maioria negros e afro-descendentes. Comportamento esse que exigiu do governo a criação da Lei N.º 7.716/89 de punição contra o racismo, bem como a cota nas universidades, Lei N.º 180/08.
Durante a conferência, um dos participantes, o Emanuel Carvalho, nos levou a interpretar que “o Brasil ainda vive conseqüências da escravidão. Julga-se a capacidade social e intelectual das pessoas pela cor de sua pele. Fato recente exemplificou isso, inclusive televisionado para o mundo todo, na Copa das Confederações. Na Arena Fonte Nova o público era totalmente diferente do público quando jogam os times Bahia e Vitória”.
Muitas desigualdades sociais que tanto prejudica e desvaloriza os negros e pobres já nos acompanham há tanto tempo que chegam a parecerem “normais”. Pensemos em outro exemplo: -Por que todos ficam indignados quando há uma má prestação de serviços nos aeroportos, mas não se indignam com a má prestação de serviços nos postos de saúde? Porque a mídia não faz o mesmo alarde quando alguém passa horas na fila do SUS? Tudo isso parece tão “normal” que o empregado fica sensibilizado e solidário no repúdio quando o patrão perde o voo, mas o patrão não fica sensibilizado quando o empregado não acha senha no posto de saúde. O que se ouve simplesmente é “porque não acordou mais cedo?”.
Josy Cruz, secretária da SEMASCI, disse estar muito feliz por ser negra e ocupar um secretariado de tão grande importância para defender os direitos sociais com possíveis pontuações no tocante a igualdade racial e às mulheres. Na oportunidade ressaltou o destacou o mandato da vice-prefeitura de Salvador na pessoa de Célia Sacramento, uma mulher negra, guerreira, riquíssima em cultura e conhecimento. Para Josy, quando uma mulher negra alcança um cargo de grande representação, a presença dela simboliza todos nós e que sua conquista em um grito de liberdade anunciando que a população feminina e a população negra têm vez e voz.
A vice-prefeita de Salvador marcou presença na conferência, mas fico com sua frase do dia 8 de março deste ano em entrevista ao Bocão News:
“As mulheres afrodescendentes estão lutando por melhores condições. A sociedade é racista e como a sociedade é assim, elas são discriminadas. Elas lutam por direitos iguais, mas as pesquisas do IBGE publicadas em 2011 destacam que as mulheres negras estão ainda em condição de maior desigualdade. Então, não é um passo posterior ou inferior, as pesquisas dizem que há uma condição de desigualdade, com poucas oportunidades e com salários muito menores. A sociedade é machista e racista”
A vice-prefeita de Salvador marcou presença na conferência, mas fico com sua frase do dia 8 de março deste ano em entrevista ao Bocão News:
Célia Sacramento (centro) vice-prefeita de Salvador |
O prefeito de Lauro de Freitas, exaltando a contribuição marcante do vereador Lula Maciel para aprovar o dia 20 de novembro como feriado municipal da Consciência Negra, disse que não basta somente o feriado. Faz-se necessário discutirmos e refletirmos o que já fizemos até agora. O Dia da Consciência Negra não foi instituído para planejar ações para o ano seguinte, mas para analisarmos nossas condutas durante o ano presente, disse. Também, segundo o prefeito Marcio Paiva, Lauro de Freitas será o primeiro município do Brasil a implantar o Fundo de Assistência Racial e da Igualdade. Assumiu o compromisso de criar a Casa do Hip-hop valorizando a cultura dos jovens dessa cidade que, com muita criatividade, têm valores importantes em suas letras.
Em se tratando de jovens, não deu para passar desapercebido o tema Maioridade Penal. A redução da maioridade penal é mais uma forma racista e preconceituosa que não dá oportunidade ao negro e pobre da periferia, cujos noticiários anunciam o extermínio de cerca de 30 vitimas por final de semana. A sociedade não pode ver o menor como um problema. O menor é a solução. Basta serem-lhes dados um olhar digno de inclusão. Antes de um menor de 14, 15, 16 ou 17 anos atirar em alguém , tenha certeza que essa arma veio das mãos de um adulto, um traficante, um empresário corrupto que financia campanhas políticas levianas e egoístas. Os jovens estão sendo aliciados por estes adultos que, (pasmem!!!), conhecedores da lei, procuram brechas para enriquecerem de forma ilícita e funesta, identificando um grande potencial nestas crianças, retirando-lhes a condição real de vítimas e imputando-lhes a culpa.
Álvaro Oliveira sempre presente nos eventos.
ResponderExcluir