Os brasileiros foram, entre os estrangeiros, os que mais compraram imóveis acima de US$ 1 milhão em Miami, nos Estados Unidos, no ano passado. Eles também ficaram na vice-liderança do ranking de compradores internacionais na região para todas as faixas de preço de imóveis, com 12% dos negócios, atrás somente dos venezuelanos (15%), revela uma pesquisa feita pelo sindicato dos corretores de Miami (Miami Realty Association).
Em números redondos, os brasileiros adquiriram em 2011 cerca de 150 imóveis avaliados entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões, em Miami e Fort Lauderdale. É exatamente atrás desses compradores que o diretor da filial da Flórida (EUA) da ONE Sotheby's International Realty, Daniel de la Vega, está desde segunda-feira no País.
Ele busca compradores para um empreendimento residencial de alto padrão em Miami, chamado Bellini, que fica em Williams Island. São 70 apartamentos distribuídos por 24 andares. Com área que varia entre 208 metros quadrados e 406 metros quadrados, os preços dos apartamentos oscilam entre US$ 1,050 milhão e US$ 4,250 milhões, respectivamente.
O empreendimento começou a ser construído em outubro de 2011 e deve ser concluído em junho de 2013. O projeto tem área de lazer com 16 quadras de tênis, marina para ancoragem de barcos e elevador privativo para cada residência.
'Estamos muito contentes com o resultado de vendas obtido até agora', afirma Vega, sem revelar números. Os negócios fechados do empreendimento até o momento não incluem os brasileiros, segmento de mercado que começará a ser garimpado a partir de agora.
Vega conta que a estratégia da imobiliária é vir a cada três meses ao Brasil para vender o empreendimento. Nesta semana, ele se reuniu com os corretores brasileiros, mas houve encontros com clientes interessados no empreendimento. Segundo ele, o desempenho da economia do País, associado à preferência do brasileiro por Miami, é o motivo que o trouxe até aqui.
'Se tivéssemos vendendo um empreendimento no Alasca, não estaríamos aqui. O brasileiro está comprando é em Miami', diz Vega. Ele explica que, além de ser um destino internacional de fácil acesso, vários outros fatores atraem os brasileiros para lá: grandes shoppings, praias belíssimas e as pessoas falando espanhol e até português.
'Miami é uma cidade quase latina e muito familiar para os brasileiros.' Ele observa que nem precisa fazer muito esforço para vender os imóveis. 'Os brasileiros, quando vêm procurar um imóvel em Miami, já estão vendidos', brinca.
Preços. Vega observa que não é possível comparar os preços do metro quadrado em São Paulo com os de Miami por causa da localização dos imóveis, mas afirma que as cotações de lá estão mais em conta. No caso do empreendimento que ele está vendendo, o preço do metro quadrado de área total varia entre US$ 4,2 mil e US$ 7,4 mil, dependendo do tipo de apartamento.
Ele também ressalta que, depois da crise imobiliária que atingiu os Estados dos Unidos em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers, a tendência dos preços é de alta. Em dólar, os preços dos imóveis em Miami estão 50% menores em relação ao pico, atingido em 2006. Também as cotações estão no mesmo nível de dez anos atrás.
No ano passado, Vega já esteve no País vendendo outros empreendimentos e obteve resultados positivos. De um total de 120 clientes atendidos, 60% fecharam negócios e os 40% restantes estão em fase de negociação. Ele explica que há uma fatia de compradores brasileiros que ainda tem uma certa insegurança de comprar um imóvel no exterior. 'Eles consultam advogados e demoram mais tempo para fechar o negócio.'
De qualquer forma, Vega já identificou três perfis de compradores brasileiros em Miami. O primeiro grupo é formado por investidores que adquirem o imóvel para alugar. O segundo grupo é de jovens executivos solteiros, que procuram apartamentos com um único quarto e que oferecem serviços.
O último grupo reúne famílias que já frequentam Miami, possuem um imóvel lá e querem comprar outro melhor. Ele observa que, normalmente, quando um brasileiro adquire um imóvel em Miami, aparecem outros brasileiros, amigos ou parentes,querendo comprar imóveis. A preferência é pela compra de um imóvel no mesmo bairro e, se possível, no mesmo prédio no qual os parentes e amigos já têm uma propriedade.
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