GOSTAR DE GENTE É VOCAÇÃO |
Por Dr. Márcio Paiva (Médico e Vereador)
“Nesses dois mandatos, como vereador da cidade de Lauro de Freitas, o grande aprendizado que recebi foi, exatamente, ter consciência de que gostar de gente é vocação. Isso não se aprende na escola, mas tão somente na convivência diária com as pessoas, ouvindo e partilhando das suas tristezas e alegrias.
A cidade representa o coletivo onde as pessoas vivem e se relacionam; o lugar onde a vida efetivamente acontece.
A relação que desenvolvi com Lauro de Freitas nesses 15 anos em que aqui vivo e trabalho passa necessariamente pelo contato com as pessoas, e foi justamente a partir daí que ouvi e abracei a convocação para poder fazer mais pelas pessoas e pela cidade.
Na vereança pude mergulhar nos problemas crônicos da cidade. Mesmo estando na oposição, nunca me furtei em aprovar projetos que fossem para o bem do município, pois entendo que minha função é fiscalizar o Executivo e cobrar a efetiva implementação de políticas públicas e ações concretas que contribuam para a transformação e o desenvolvimento da cidade.
Confesso que foi e tem sido uma grande frustração para mim, como vereador, ver a cidade abandonada. Qualquer pessoa de bom senso vê que é possível melhorar o quadro que aí está. A gestão não pode perder de vista que por trás de toda intervenção que se faz na cidade, existem pessoas e é por elas e para elas que se trabalha. Não trabalhar é uma demonstração clara de quem não prioriza as pessoas, não prioriza o cidadão que paga impostos e que, por conseguinte, quer receber como retorno obras e serviços para a melhoria da sua qualidade de vida.
Os serviços básicos passam por repetidas crises que vão desde a falta de pessoal até a infraestrutura adequada para a realização desses serviços. Outro dia, a gestora desta cidade – que é conhecida como a “toda poderosa” – passou por um constrangimento público, quando depois de fazer um relatório da sua gestão e afirmar que tudo estava maravilhoso e que a nossa cidade era destaque nacional, foi interpelada por um edil que lhe perguntou onde estava esta cidade do “conto de fadas”, que só a gestora enxergava?
Temos consciência de que uma cidade não pode ser considerada destaque nacional uma vez que vive mergulhada em problemas: saúde não funciona, escolas fechadas para reforma em pleno ano letivo, ruas com esgoto a céu aberto, obras recém-inauguradas servindo de abrigo para moradores de rua – a exemplo da Concha Acústica – bairros periféricos abandonados, irregularidades em licitações (recentemente a gestora foi multada pelo Tribunal de Contas do Município), caos na mobilidade urbana, especulação imobiliária…
Ainda esta semana fui interpelado por um antigo morador da cidade que me relatou a tristeza de ter que vender sua casa, onde morava há mais de 26 anos, uma vez que foi vítima da especulação imobiliária por que passa a cidade e a qual a prefeitura não fiscaliza. Disse ele que prédios foram erguidos no entorno da sua casa sem que os limites e critérios para sua construção fossem respeitados.
Ao se queixar à Prefeitura recebeu a resposta de que o fato é reflexo do progresso e de que ele teria que se adaptar/acomodar às mudanças. Perdendo completamente a sua privacidade, além de ter o seu imóvel desvalorizado, só lhe restou vendê-lo com prejuízo e procurar, depois de 26 anos, outro lugar para morar.
Vale aqui registrar que todos esses problemas geraram a visita de um Deputado do partido da prefeita, (PT), que veio à cidade com o objetivo de filmar, fotografar e denunciar através dos meios de comunicação o abandono vivido pelos moradores de Lauro de Freitas. O Deputado declarou que a prefeita precisava “visitar” mais a cidade que governa.
A conclusão de tudo isso é que de fato essa gestão não gosta de gente, não tem compromisso com a vida e o sentimento das pessoas. Essa gestão se vangloria de promover seminários e assembleias, mas a gestora quando vai às ruas é acompanhada por excesso de seguranças, desnecessariamente, já que nunca recebeu ou sofreu qualquer ameaça.
Não se pode gerir uma cidade nas quatro paredes de um gabinete. Tem que ir para a rua, falar com as pessoas, ouvir, refletir sobre os problemas/ soluções e acompanhar a vida da cidade. O microfone só alcança o ouvido, mas a presença atinge o coração. É preciso saber que a cidade já está gestada na cabeça e no coração do povo e governar é traduzir isso em realidade. Quem quer governar tem que gostar de gente, mas é verdade que gostar de gente é VOCAÇÃO!”.
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